A dança foi
sempre muito presente na cultura das mais várias civilizações do mundo, sendo
utilizada com diversas funções incluindo estética, mágico-religiosa, utilitária
e teórica-cognitivo.
Na atualidade
vemos a dança como uma arte de cena, que usa dos movimentos corporais para
expressar sentimentos por meio de signos, e pode ter várias funções semióticas,
por exemplo, a movimentação corporal no palco tem a função estética, dentro do
espetáculo teatral, ajuda a conceituar a peça, e em uma instituição religiosa
tem a função de louvar a “Deus” como vemos na belíssima matéria de Karina
Bernassi nesta revista.
A dança tem
grandes relações com a história das culturas de todas as sociedades e por esse
motivo há muitos tipos de dança ativos no mundo hoje, assim, como houve
diversos tipos de dança extintos na história, que nem chegamos a ter
conhecimento.
Muitos
historiadores afirmam (mesmo que algumas linhas do estudo da história não
concordem), que a história é dividida em duas grandes áreas, a pré-história e a
história. A primeira consiste no estudo de uma sociedade que não teve escrita
formal, sendo o objeto de estudo as obras de pintura, escultura, arquitetura e
qualquer documento arqueológico que possa facilitar o entendimento desses
povos. Por outro lado a história é o estudo das sociedades que possuem uma
escrita formal e por isso um registro mais claro e gráfico dos acontecimentos.
Devido a essa
divisão, a história se repartiu em tempos diferentes em diversos lugares do
mundo, por exemplo, a escrita apareceu primeiramente no Oriente próximo, na
mesopotâmia há cerca de 40 séculos antes da era cristã, diferente da América,
Austrália e África central, que só conheceram a escrita no século XV, com a colonização
europeia, findando a pré-história milênios depois do Egito, da Grécia e da
própria mesopotâmia.
Estabelecendo
um paralelo entre as localidades para linguagens artísticas, podemos afirmar
que o teatro, por exemplo, passa a ter história apenas em 555 a.C. quando temos
noticia de um autor de teatro.
Seguindo essa
linha de raciocínio por um lado, as Artes Visuais são naturalmente um registro
gráfico e assim pode ser consideradas histórias desde seu nascimento. Ainda na
mesma linha podemos afirmar que a música só passou a ser história com o
nascimento das partituras, que foi sistematizada somente em 1030 por Guido
D’Arezzo, e só então difundida e unificada.
Podemos então
concluir que a dança é a única linguagem artística que não está englobada
dentro da esfera da história, sendo classificada então como pré-história, tendo
em vista que ela nunca foi realmente sistematizada em uma forma de escrita
formal. Alguns teóricos da dança como Del Sarte, Meyerhold e Laban começaram
trabalhos bem sólidos nesse aspecto, no entanto, as tentativas resultaram em
complexas escritas não muito difundidas no meio, como Rudolf Laban, que
desenvolveu a escrita mais próxima do sucesso, no entanto, não muito precisa e
pouco disseminadas no mundo.
Segundo a
autora Ligia Trindade há no Brasil apenas um coreologo (profissional
especializado em escrita de dança), credenciado para exercer essa função no
Brasil. Emilio Martins frequentou por três anos e se formou no curso de
Coreologia do Benesh Notation de Londres sendo considerado segundo a autora o
único profissional especializado nesta área.
Por: Rodrigo Guergolet
Extraido da Revista Capezio Magazine, nº05