O Diário listou alguns dos personagens que agitam diferentes locais e linguagens.
Patrimônio à mão de todos
Douglas Negrisolli, 26 anos, historiador de arte, Santo André
Negrisolli começou a se encantar com as artes plásticas aos 16, mas foi recentemente que descobriu a própria cidade. Não demorou a descobrir que o município abriga riqueza do seu gênero preferido: o Salão de Arte Contemporânea.
Para incrementar a faculdade de história, resolveu se especializar na área artística. O tema do seu mestrado é o salão.
Como curador, tem cinco exposições no currículo. A última, sobre o cenógrafo da Vera Cruz Pierino Massenzi, feita a pedido da família do artista.
Uma das brigas compradas pelo historiador é pelo direito de obter acesso ao acervo de todas as edições do salão, catalogá-lo e transformar em registro a história desse patrimônio cultural. "Faz três anos que peço, e não consegui. O acervo não é catalogado. Para escrever a história, preciso do material. Meu projeto ficará cheio de lacunas. O acervo, se fica no porão, não serve para ninguém. Tem de estar disponível, para que seu valor mostre a amplitude cultural que a cidade é capaz de ter."
Dando a cara para tocar
Celso Júnior, 20 anos, músico e estudante, Mauá
Estudante de arquitetura, ele conta que precisa trabalhar paralelamente para fazer o sonho de ser músico dar certo. "Queremos gravar nosso primeiro disco. Tudo que registramos foi quebrando cofrinho e enchendo o saco dos pais. Sempre vamos ao estúdio com dinheiro contado para gravar uma música só."
O foco do grupo é aperfeiçoamento e busca por identidade. "Nosso esforço é fazer algo diferente e bom, chamar atenção. Decepções a gente tem, portas fechadas também, mas sempre que abrem espaço para a gente, é uma felicidade que compensa tudo", declara.
Arte da divulgação
Elsa Villon, 22 anos, estudante, São Bernardo
Como escolheu o jornalismo, Elsa sabe que cultura não é só arte. É também divulgação, ciclo de recomendações que fomenta interessados e agita acontecimentos.
Seu papel é divulgar arte. Blog, redes sociais e o site em que trabalha na Capital, todos servem como ferramenta de disseminação cultural regional.
"A internet, hoje, é crucial. Você consegue reunir pessoas, conhecer artistas e disponibilizar material. É a prova de que muitas iniciativas podem acontecer por uma ideia, várias pessoas podem se unir", conta Elsa.
Para ela, a região não é tão carente de programação. Há quem fique de fora do bolo simplesmente por não saber. "As programações são mal divulgadas. Às vezes, as agendas ficam restritas aos portais das prefeituras, que não são todos que acessam. Deveriam agregar contatos pelas redes sociais."
Ela lamenta o restrito mercado para a comunicação na região. "Cabe a quem se interessa divulgar. É o que faço."
Em julho ela integrará a Operação Tuiuti do Projeto Rondon, que viaja para Porto Esperidião, no Mato Grosso, em ação de inclusão que leva desenvolvimento social em áreas precárias do Brasil. "Propus um projeto de comunicação. A cidade tinha uma rádio ilegal que foi fechada. Quero pôr em ação projeto de integração educacional e cultural, estreitando as relações entre a zona rural e a urbana. Eles têm diversos eventos, mas dificuldade em disseminá-los."
Seu papel é divulgar arte. Blog, redes sociais e o site em que trabalha na Capital, todos servem como ferramenta de disseminação cultural regional.
"A internet, hoje, é crucial. Você consegue reunir pessoas, conhecer artistas e disponibilizar material. É a prova de que muitas iniciativas podem acontecer por uma ideia, várias pessoas podem se unir", conta Elsa.
Para ela, a região não é tão carente de programação. Há quem fique de fora do bolo simplesmente por não saber. "As programações são mal divulgadas. Às vezes, as agendas ficam restritas aos portais das prefeituras, que não são todos que acessam. Deveriam agregar contatos pelas redes sociais."
Ela lamenta o restrito mercado para a comunicação na região. "Cabe a quem se interessa divulgar. É o que faço."
Em julho ela integrará a Operação Tuiuti do Projeto Rondon, que viaja para Porto Esperidião, no Mato Grosso, em ação de inclusão que leva desenvolvimento social em áreas precárias do Brasil. "Propus um projeto de comunicação. A cidade tinha uma rádio ilegal que foi fechada. Quero pôr em ação projeto de integração educacional e cultural, estreitando as relações entre a zona rural e a urbana. Eles têm diversos eventos, mas dificuldade em disseminá-los."
Dançando contra obstáculosTamires Reis, 18 anos, dançarina, Diadema
Com DRT tirado há uma semana, a bailarina Tamires, apesar de parecer no início da estrada, já soma longo caminho no mundo da dança clássica.
Desde 2002, participa da associação Passo a Passo, ONG de Diadema. Antes, fez todas as oficinas de dança que pôde. Hoje, ela recebe o pouco salário que a ONG pode lhe pagar em troca das aulas que dá para crianças.
A formatura coincide com a fundação da Companhia Passo a Passo, que possibilita que novos artistas batalhem pela dança. "Agora nos preocupamos mais com trabalhos, patrocínio, projetos e festivais", conta.
No tempo livre, Tamires gosta da Biblioteca Interativa e do Teatro Clara Nunes. O problema da sua cidade, diz, são as vacâncias nas oficinas e projetos culturais. "Diadema tem 32 Pontos de Cultura, mas tem muita gente que não sabe o que é dança, teatro, não se interessa em ler".
A ONG está prestes a perder um dos seus principais patrocinadores. Isso a preocupa, mas não a esmorece. "Somos autossustentáveis, temos alguns prejuízos e muito trabalho para cobri-los, vendendo rifas, produtos de revistas. Lutamos com paixão e por acreditarmos no nosso potencial."
A região para filhos artistas
Desde 2002, participa da associação Passo a Passo, ONG de Diadema. Antes, fez todas as oficinas de dança que pôde. Hoje, ela recebe o pouco salário que a ONG pode lhe pagar em troca das aulas que dá para crianças.
A formatura coincide com a fundação da Companhia Passo a Passo, que possibilita que novos artistas batalhem pela dança. "Agora nos preocupamos mais com trabalhos, patrocínio, projetos e festivais", conta.
No tempo livre, Tamires gosta da Biblioteca Interativa e do Teatro Clara Nunes. O problema da sua cidade, diz, são as vacâncias nas oficinas e projetos culturais. "Diadema tem 32 Pontos de Cultura, mas tem muita gente que não sabe o que é dança, teatro, não se interessa em ler".
A ONG está prestes a perder um dos seus principais patrocinadores. Isso a preocupa, mas não a esmorece. "Somos autossustentáveis, temos alguns prejuízos e muito trabalho para cobri-los, vendendo rifas, produtos de revistas. Lutamos com paixão e por acreditarmos no nosso potencial."
A região para filhos artistas
Alba Brito, 24 anos, atriz e cantora, Santo André
Alba tinha 12 quando comungou com o teatro pela primeira vez. Já estudava a arte, mas a exibição de 'Nossa Cidade', da Escola Livre de Teatro de Santo André, a tocou profundamente.
"Eram os bolinhos de chuva que serviam", conta sorrindo, lembrando que a iguaria era parte da cena e fazia com que ela sentisse se alimentar de teatro.
Aos 16, foi para a ELT, onde passou sete anos. Lá, em 2008, estreou o projeto Cantarilhos, com o qual tem se apresentado, após aprovação do Fundo Municipal de Cultura.
Em contrapartida, ofereceu oficinas. "Na justificativa, falei da minha relação com a cidade. Já colhi tanto, por que não plantar e gerar frutos por aqui?"
Para ela, a relação dos artistas com a cidade é traumática. "Há uma subvalorização dos artistas regionais pelas pessoas que vivem aqui, como se menosprezassem algo que é parecido."
Alba militou em favor da cultura, mas hoje prefere distância. Um modelo bom de política cultural, para ela, são os editais de ocupação. "São mais transparentes. Disponibilizam espaço, apoio e você inscreve seu projeto. O artista precisa sobreviver na sua cidade, sem assistencialismo, mas com valorização."
Alba tinha 12 quando comungou com o teatro pela primeira vez. Já estudava a arte, mas a exibição de 'Nossa Cidade', da Escola Livre de Teatro de Santo André, a tocou profundamente.
"Eram os bolinhos de chuva que serviam", conta sorrindo, lembrando que a iguaria era parte da cena e fazia com que ela sentisse se alimentar de teatro.
Aos 16, foi para a ELT, onde passou sete anos. Lá, em 2008, estreou o projeto Cantarilhos, com o qual tem se apresentado, após aprovação do Fundo Municipal de Cultura.
Em contrapartida, ofereceu oficinas. "Na justificativa, falei da minha relação com a cidade. Já colhi tanto, por que não plantar e gerar frutos por aqui?"
Para ela, a relação dos artistas com a cidade é traumática. "Há uma subvalorização dos artistas regionais pelas pessoas que vivem aqui, como se menosprezassem algo que é parecido."
Alba militou em favor da cultura, mas hoje prefere distância. Um modelo bom de política cultural, para ela, são os editais de ocupação. "São mais transparentes. Disponibilizam espaço, apoio e você inscreve seu projeto. O artista precisa sobreviver na sua cidade, sem assistencialismo, mas com valorização."