quarta-feira, 22 de junho de 2011

Entidade ensina balé a crianças e jovens carentes

Há oito anos, a Associação Passo a Passo de Diadema ensina balé a crianças e jovens carentes. São 173 alunos atendidos, enquanto outros 348 aguardam em fila de espera. Para continuar o ensino e o trabalho não parar, a entidade precisa de novos patrocionadores.
Desde quando começou, se mantém com verba de grande empresa privada de Mauá, que prefere não aparecer, mas que deixará de bancar o trabalho em novembro. Outro montante (30%) vem da Prefeitura. Desde 2010, a associação se tornou Ponto de Cultura, do Ministério da Cultura, que apoia financeiramente ações de impacto sociocultural na comunidade.
"Mesmo assim, precisamos de patrocinadores, de preferência da iniciativa privada. Buscamos a autossustentação, mas até lá precisamos manter o projeto vivo", afirmou Luiza Gentile, professora de dança e idealizadora do projeto. A idade, ela esconde a sete chaves. "É uma maneira de estimular o imaginário das crianças", brincou Luiza.
Para alcançar a autossustentabilidade será anunciada dia 16, durante apresentação do espetáculo Eruditos, às 20h, no Teatro Clara Nunes, a criação da Cia. Passo a Passo de Dança, com objetivo de montar espetáculos que possam ser cobrados. Além disso, programam vender peças de roupas e acessórios para balé.
Atualmente, cinco professores voluntários se revezam na sala de aula. Outras três meninas prestes a se formar atuam como estagiárias, recebendo R$ 100 por mês . São oito aulas diárias, de segunda-feira a sábado.
O embrião da Passo a Passo surgiu em 1999, quando Luiza foi convidada a ensinar dança clássica nos centros culturais do município. Em 2002, quando o trabalho terminou, ela não se conformou e descobriu uma maneira de mantê-lo: criando uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). "Descobri qual é minha missão ao visitar o local onde moram. Vi a diferença que fazemos na vida dessas crianças", disse a bailarina, emocionada.
A diretora Zandra Teixeira, 57 anos, lembra da dificuldade dos atendidos de se manterem no projeto. "Muitas precisam deixar o trabalho ao fazer 14 anos para ajudar os pais no sustento da casa, ou engravidam", lamentou Zandra.

Escola forma profissionais e desperta consciência
Quando fundaram a Passo a Passo, Luiza Gentile e Zandra Teixeira pensavam que se conseguissem formar uma pessoa já teria valido a pena. Neste ano, dez meninas da primeira turma se formam.
Cinco delas estão no mercado de trabalho, como Jenifer Alves e Joice Amorim, ambas com 16 anos, nascidas em São Bernardo e criadas em Diadema. Nunca imaginaram que um dia o sonho de viver da dança se concretizaria. "O conhecimento que adquirimos nesses anos vai muito além do balé. Participamos da produção dos espetáculos, pesquisamos, vivemos novas experiências", comentou Jenifer.
Luan da Silva Menezes, 19, e Matheus Sevarolli, 16, também fazem parte do grupo e afirmam que sem a dança não venceriam a timidez.
"Era muito tímido e a dança me ajudou a me expressar mais e ser menos tímido", disse Luan, que há sete anos estuda balé e quer se profissionalizar. As declarações refletem a proposta do projeto: desenvolver a consciência individual e elevar a autoestima.

obs: Matéria do Jornal Diário do Grande ABC, na sessão SeteCidades do dia 7 de Junho de 2011.

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